terça-feira, 15 de abril de 2008

Comunidade, Apoio Cultural, Rádio, Comunicação, Você, Eu...

EDUARDO LIMA
O termo comunitário é relativo à comunidade. Comunidade é a qualidade do comum, o corpo social, a sociedade em si, ou o local por todos habitados.
Nos dias de hoje se discute muito o que é comunitário, o que é rádio comunitária, o que é isso o que é aquilo... E parece que até os grandes donos dos meios de comunicação de Assis e região discutem sobre isso. Nada mais justo com seus atingidos, os leitores, os ouvintes, os telespectadores... Todos nós!
Mas será mesmo que está sendo posto em diálogo o que é comunitário?
O que pode ser representado muito bem para se pensar em “comunitário” é pensar na Dialética. Termo utilizado para designar o diálogo, pensando num sentido mais amplo, a arte de discutir, a tensão e o diálogo entre os opostos... A Dialética cai como uma luva na discussão sobre a verdadeira função de um meio de comunicação “comunitário”.
Antes de tudo, a função de um meio de comunicação é comunicar, é deixar ao receptor a sensação do que é plausível, do que é a liberdade e do que é um fato. A arte de expor comunicações através de uma rádio, por exemplo, é um pouco mais lindo. A possibilidade de expor idéias e conceitos, fatos e ocorrências, são regadas por algo que deixa tudo mágico e gostoso no ar: a música.
Mas como não seria diferente, todos querem algo: os ouvintes!
Quando se expande essa discussão para o patamar comercial, ai tudo muda da água para o vinho. Deixa-se de lado toda a estrutura da comunicação para um outro patamar. Patamar esse que desestimula a consciência do entendimento do termo “comunitário”. Quer queira ou não, os meios de comunicação são empresas. Hoje em dia é bobo e ingênuo achar que um meio de comunicação tem por finalidade primeira a comunicação em sociedade. É algo um pouco mais complexo e mais cínico. Todo mundo da comunicação faz parte disso. Eu, você que recebe e, claro, os que emitem.
A propaganda, o apoio cultural são meros artifícios... Será mesmo que o que devemos imaginar e correr atrás são o dinheiro e expansão de aparência nos meios de comunicação?
Quando se ouve a programação de uma rádio comercial na cidade de Assis por exemplo, é visível e angustiante a quantidade de propagandas, de promoções comerciais e a falta de capacidade cultural que alguns carregam consigo em seus trabalhos. Trabalhos justos e sinceros, mas... Sem conteúdo cultural e conhecimento sobre música.
É engraçado que exista radialistas que nem escrever ou ler direito letras em inglês sabem... É super engraçado que muitos pensem que é necessário não saber tudo sobre cultura e história para trabalhar com comunicação... É engraçado como muitos possuem um medo enorme de perder seus empregos porque aparecem pessoas com idéias e sentimentos novos... É engraçado como existem pessoas falsas que se passam por comunicadores, mas que nem sabem o que é recepção e emissão na comunicação.
Não cabe a nenhum de nós questionar o que é certo ou errado. Não cabe a nenhum de nós, moradores de Assis, propor idéias e melhoras nos rádios da nossa região, mesmo porque a mudança é algo relativo. Não cabe a nenhum de nós questionar o que é apoio cultural. Mesmo porque a nossa eterna Rede Cultura de televisão já estampa propagandas comerciais cheias de cores e preços! Não que seja errado ou fora das leis e normas da comunicação brasileira... Mas parece mais pobre culturalmente vermos um canal que outrora fazia programas sobre a história de Glauber Rocha ou afins, precisar de dinheiro para se manter. A necessidade faz o cinismo. E a procura pelo novo já difere muito do que é educação. Tenho pena é do governo que estimula e destrói a cada dia mais os meios de comunicação comunitária, como a Rede Cultura de Televisão. Isso é matar o conhecimento e a informação... Matar a educação de um povo.
Apoio cultural é propaganda. Apoio cultural é cultura. Apoio cultural é o que todos nós somos e não queremos lembrar. Quisera eu poder ouvir fartamente numa rádio comercial o termo apoio cultural, simples assim, e não preços de produtos. Seria um pouco mais educado. Mais justo...
Não que o dinheiro não seja necessário... Mas a volúpia que muitos possuem em “ter”, acima de tudo, sobre o “ser” é muito triste. O sentido empresarial e econômico que rege nossas vidas nos dias de hoje é turvo, é negro... E essencialmente necessário. Tudo mundo precisa comer, não é?

Eduardo Lima é Jornalista, radialista e escritor - desuso@bol.com.br

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