quarta-feira, 23 de abril de 2008

"Um país se faz com homens e livros"


Nesta semana que antecede o Dia Mundial do Livro, 23 abril, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil celebra o Dia Nacional do Livro Infantil, ocorrido ontem, 18 de abril. A data foi escolhida para homenagear o nascimento do escritor Monteiro Lobato. Advogado, o que Lobato gostava mesmo era de desenhar e escrever contos. Em 1920, publicou seu primeiro sucesso: A Menina do Narizinho Arrebitado. Daí em diante dedicou-se á literatura infanto-juvenil e á criação de personagens. Resgatou do folclore brasileiro lendas como o Saci-Pererê, o Curupira, o Boitatá e a Cuca, introduzindo-os nos episódios do Sítio do Picapau Amarelo. Também criou figuras que ficaram famosas: a boneca Emília, feita de pano; o Visconde de Sabugosa, um sábio nascido de um sabugo de milho; o Marquês de Rabicó, um nobre porco robusto; e tantos outros.

Ler os clássicos?

ANTONIO RIBEIRO DE ALMEIDA
Há tempos, quando estive em Belo Horizonte, encontrei um velho colega da UFMG que dedicou sua vida ao ensino da Literatura. Batemos um bom papo na Praça 7 e ele revelou-se desolado com o rumo que a juventude mineira tomou em relação à leitura e estudo dos clássicos. Contou-me, como se fosse um grande segredo, que numa pesquisa feita na Universidade Federal de Minas Gerais e na qual se pedia a uma turma de vestibulandos que citassem autores considerados clássicos e respectivas obras, mais de 60% indicaram os livros de aventuras do bruxo Harry Potter e do Paulo Coelho. Somente 5% indicaram Machado de Assis e José de Alencar. Relembrou ainda, com um ar mais triste, que aquele antigo provérbio de que “mineiro sabe duas coisas bem : solfejar e latim” não podíamos mais proverbiar. Procurei consolá-lo e dizer que o avanço dos bárbaros era geral em todo Brasil e que eles dominavam meia dúzia de palavras que usavam em todas circunstancias como “tipo assim”. Em São Paulo a situação não é muito diferente e que mais do que em Minas, dominam, nas livrarias, os famosos livros de auto-ajuda que ajudam mesmo os donos de livrarias e as editoras que publicam estes livros. Antes de despedirmos fez questão de me levar a uma livraria e me presentear com um livro raro “Momentos de Minas”, repleto de fotos das nossas montanhas e de provérbios, com uma singela dedicatória: “Ribeiro, para você não esquecer que pertence às Minas Gerais”. Tendo deixado Minas há mais de 36 anos para lecionar, primeiro em Assis e depois em Ribeirão Preto, fiquei a matutar como certos laços não se cortam e como a mineiridade continua tão forte dentro de mim que já me julgava um paulista. Matutando sobre o problema da leitura dos clássicos escrevi este artigo, primeiro, em homenagem ao velho colega e depois na esperança que ele motive um jovem ou um adulto a ler ou reler um clássico da nossa literatura. Embora seja pretensioso ao indicar alguns clássicos da literatura eu definirei o termo numa consulta ao Houaiss. O nosso dicionarista escreve que o conceito de “classicus scriptor” (escritor clássico) foi usado no século II d.C pelo gramático Aulo Gélio. Ele se referia aos grandes escritores da Grécia e de Roma. Eram clássicos Homero, com a sua Ilíada, Hesíodo no texto “Os trabalhos e os dias”, Ésquilo o poeta trágico e em Roma o grande Cícero e Júlio César. Quando fiz meu ginásio, bem antes da reforma americana do nosso ensino, no famoso Ponto IV, cheguei a ter o Latim como disciplina e nosso livro de VanDick Londres da Nóbrega trazia textos de César e de Cícero para que traduzíssemos.
O conceito de clássico, num primeiro momento, volta-se para a Antiguidade Greco-Latina. Mas os Renascimentos Italiano, Espanhol e Português nos legaram vários clássicos. Dante Alighieri, com sua “Divina Comédia” da qual existe excelente tradução de Cristiano Martins é um clássico. Da Espanha vem Miguel de Cervantes Saavedra com o seu “Dom Quixote de La Mancha”, e, de Portugal o nosso Luís de Camões com “Os Lusíadas”. Dante e Cervantes estão traduzidos para a nossa língua. A leitura de Camões não é nada fácil para os jovens de hoje devido a desculturação que invadiu nosso povo e que tem prejudicado profundamente a formação de uma identidade nacional. Fala-se mal o português e escreve-se também com severa deficiência lingüística. Não quero, contudo, desanimar ninguém. A título de exemplo a leitura de “Os Lusíadas” deve ser feita inicialmente nos resumos, em prosa, dos Cantos. Desta forma o leitor intera-se do “enredo” e tendo ao lado um bom dicionário da nossa língua deverá de cada canto, anotar as palavras cujo significado desconhece. Uma segunda leitura será feita com o domínio dos significados e a beleza e o ritmo dos versos penetrarão fundo na alma do leitor. Mas se não gostar de ler poemas fica a sugestão de leitura e releitura do incomparável Eça de Queirós, do Júlio Dinis, do Almeida Garret, e, modernamente, os contos do Miguel Torga. Quem não tiver esta disposição deverá começar a ler os clássicos do Brasil, e, neste caso, a leitura de Machado de Assis (1839-1908) é indispensável. A editora Globo publicou em 1997 as “Obras Completas de Machado de Assis” que qualquer biblioteca pública deve ter. Neste caso o leitor pode começar por “Dom Casmurro” ou “Memórias póstumas de Brás Cubas”. Se ele ler estes dois romances não deixará de ler todo o Machado. Atualmente sugiro a leitura dos romances de Josué Montello, do Heitor Cony, da Lygia Fagundes Telles e do mineiro Pedro Nava. Por que devemos ler os clássicos ? Existem muitas respostas. A minha é para que continuemos fiéis à nossa origem greco-latina-portuguesa e para que dominemos um pouco melhor nossa linguagem. Quem ler os clássicos ganhará, internamente, um ritmo e uma beleza no que escrever que encantarão a todos. Como escreveu Ítalo Calvino “Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos”.

Antonio Ribeiro de Almeida é Doutor em Psicologia Social


Fomento e Autogestão


ADALBERTO SABINO
Hoje em dia é muito comum o uso da palavra FOMENTO, muitos setores como o da economia utilizam esta palavra, assim como o terceiro setor. Entendo que FOMENTAR, é agregar, juntar, tornar mais forte, promover, estimular. A cada dia se torna inviável trabalharmos o fomento se não trabalhamos junto a nossa clientela a autogestão, que acabou se tornando sinônimo de trabalho coletivo, assim como na Economia Solidária, estes termos são muito utilizados.
No Estado e na região temos muitos exemplos de entidade não governamentais e governamentais que apóiam e trabalham com os artesãos, dando a eles estimulo a autogestão. Uma delas é a Sutaco Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades, sua Superintendência está alocada na Secretaria Estadual do Trabalho e Emprego. Esta estimula o artesão através da aquisição de carteirinha, dando uma identidade para o trabalhador ou artista desta área. A Sutaco promove convenio com os municípios e estes através de agentes treinados executam esta tarefa. No município de Assis, está a cargo da FAC. Os artesãos de outras localidades poderão procurar também a prefeitura de seu município que eles dirão onde poderão adquirir a carteira do artesão, sendo que cada município tem um convênio com a superintendência para este fim.
A Economia Solidária é hoje o movimento que agrega o maior numero de entidades autogestionária. Muitos podem se perguntar, o que vem a ser “Economia Solidária?”
Economia Solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza (economia) centrada na valorização do ser humano - e não do capital - de base associativista e cooperativista, voltada para a produção, consumo e comercialização de bens e serviços, de modo autogerido, tendo como finalidade a reprodução ampliada da vida. Assim, nesta economia, o trabalho se transforma num meio de libertação humana dentro de um processo de democratização econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações do trabalho capitalista.
Em Assis, temos várias entidades do terceiro setor que trabalham de forma autogestionária, assim como a Cooperativa de Catores de Material Reciclado, a ASA Associação dos Artesãos de Assis “Nilza Alves de Andrade”, dentre outras.
A autogestão é hoje uma resposta ao desemprego de está presente não só no Brasil, mas em muitos países. Gerar renda através do trabalho coletivo, é sua principal função.

Adalberto Sabino é Presidente do Ideste e Vice Presidente da ASA

Por que fechar a torneira

THAIS CORREA DAVANSO
A falta de água tem sido um dos maiores problemas a serem discutidos na atualidade. As pessoas não têm noção do quanto esse assunto é importante e perigoso e sem o mínimo senso de amor aos seus próprios filhos e netos. Desperdiçam água à toa, pois acham que ela nunca vai acabar.
O que mais incomoda é que, apesar dos jornais anunciarem o problema e de ser um fato que enfrentamos diariamente, as pessoas fingem não ver. Todo dia vejo o meu vizinho lavar o seu carro e o seu quintal e fico indignada! Outro dia fui falar com ele a respeito e sabe o que ele disse? Que o problema era dele era ele quem pagava a conta no final do mês também.
Acontece que eu não estava falando de conta e nem de dinheiro. Estava falando da existência humana que vai extinguir-se daqui há poucos anos, mas ninguém entende. A maioria das pessoas pensa assim: “Se ele não economiza, porque eu vou economizar?”.
E assim a água vai escorrendo. Aquela que era abundante e agora quase escassa. Aquela que um dia foi limpa e por nossa causa está suja nos bueiros e rios. Com ela vai escorrendo a vida inocente dos que ainda vão nascer!

Thais Correa Davanso é aluna da 8ª série da Escola Carolina Francini Burali, em Assis

O presente de Lobato: fantasia embrulhada em páginas de livros


MARIANA DE GÊNOVA MANFIO
O livro é um objeto misterioso. Nele cabem histórias trágicas, emocionantes, tristes, cômicas... tudo em simples, mas mágicas, folhas de papel com letrinhas impressas à tinta. Podemos dizer que o livro traz poder, libertação, porque traz o conhecimento e a possibilidade de amadurecer idéias ou mesmo transformá-las.
É por este viés que Monteiro Lobato aposta nos textos infantis, com o intuito de formar crianças críticas, independentes e conscientes de seu papel em sociedade.
O escritor de Reinações de Narizinho afirmou, em carta, que "Assim como é de cedo que se torce o pepino, também é trabalhando a criança que se consegue boa safra de adultos." Nesse sentido, o livro infantil ganha espaço especial na tarefa de melhorar o futuro de um povo.
Em suas obras infantis, Lobato procurava tratar de assuntos sérios, considerados “assuntos de adulto”, como a burocracia estatal (Caçadas de Pedrinho, 1933), a ineficiência da instituição escolar (Emília no País da Gramática,1934), advogando o rompimento com padrões e normas inculcados pela escola e pela religião católica (A Chave do Tamanho, 1942). Porém, não discutia tais temas de maneira “científica”, “adulta”, mesclava-os a muitas doses de fantasia e imaginação, uma forma de amenizar os temas econômicos, políticos e polêmicos, através do elemento mágico.
Fantasia é a base da construção de suas histórias. Assim como Branca de Neve ressuscita a partir do beijo do príncipe encantado ou o caçador resgata chapeuzinho vermelho e sua avó, vivas, da barriga do lobo, Narizinho não se afoga no Reino das Águas Claras, e o pó-de-pirlimpimpim transporta seus usuários através do tempo e do espaço.
Lobato defende este mundo “exclusivamente infantil” em suas obras, argumentando, através de Narizinho, que “...se as coisas do Mundo da Fábula não existem, então também não existem nem Deus, nem a Justiça, nem a Bondade, nem a Civilização nem todas as coisas abstratas.”
Essa defesa de que o maravilhoso é real e existe também aparece na correspondência entre Lobato e seus leitores infantis. Algumas cartas ganham ingredientes de ficção; o escritor manda recados de Emília, Narizinho, Pedrinho e toda a turma do Sítio de Picapau Amarelo, quando responde a carta de seus leitores; cria histórias; tenta convencer as crianças de que o sítio de Picapau Amarelo existe.
Em uma das cartas, uma criança escreve que achava graça nos livros de Lobato, e que agora reflete profundamente sobre o que ele diz. Comenta ainda que no faz-de-conta não há absurdo e sim liberdade; como se o ser humano, através do faz-de-conta, desejasse ser livre no pensamento.
É por meio de cartas como esta que se observa como o livro tem caráter libertador. É ambiente propício e adequado para se aprender, se desenvolver, imaginar, criar, sonhar. Por isso, nenhum sítio fisicamente real poderia expressar os sentimentos que as aventuras descritas nos livros de Lobato despertam nos leitores. Se descobrissem a localização do Picapau Amarelo e por lá todos fizessem um passeio, as imagens construídas pelo trabalho minucioso de Lobato na memória e na imaginação dos leitores se dissolveriam, já que o que há de mais sublime na leitura de um livro é o fato de que cada leitor atribui um sentido único, particular, carregado de vivências e emoções que cada um experimentou ao longo da vida.
A necessidade que a fantasia tem em nossa vida ultrapassa a questão da idade, é algo essencial para a sobrevivência do ser humano. Assim, diante de tão importante função, devemos concordar com Lobato quando propõe em uma de suas obras que “O Mundo das Maravilhas é velhíssimo. Começou a existir quando nasceu a primeira criança e há de existir enquanto houver um velho sobre a terra.”

Mariana de Gênova Manfio é moradora de Cândido Mota e Mestre em Teoria e História Literária (Unicamp)


Monteiro Lobato polêmico nos jornais


WENDER URIAS DA CRUZ

O reconhecimento atingido por Lobato como grande expoente da literatura infantil não pode minimizar sua participação em outras áreas. Seja como autor de contos ou cronista, o criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo teve uma vida relacionada a diversas polêmicas. Envolvendo-se em causas políticas, em prol da liberdade de expressão, nacionalização do petróleo, modernização do parque editorial, conflitos literários e de movimentos estéticos. Mas esse conjunto de embates ocorreu desde o surgimento de Lobato na intelectualidade brasileira. A porta de entrada do autor como referência intelectual foi os jornais.
Descendente da oligarquia cafeeira, Lobato bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais e trabalhou como promotor público na Comarca de Areias até assumir os patrimônios da família após a morte do avô. Depois da tentativa de modernizar a antiga fazenda, Monteiro Lobato abandona a cultura agrícola em busca da profissionalização intelectual, tornando-se articulista do “O Estado de S. Paulo” e posteriormente editor da “Revista do Brasil”.
O estabelecimento de Lobato como editor-proprietário de uma grande revista literária de alcance nacional, articulista e crítico de arte num jornal de expressão como “O Estado de S. Paulo” só efetivou-se após a publicação de dois artigos neste mesmo jornal, em fins de 1914. Os textos denominados “Uma Velha Praga” e “Urupês” apresentam uma concepção crítica e feroz sobre o homem do campo.

O caboclo romantizado por vários escritores torna-se paulatinamente a representação do legítimo brasileiro. Pela elite paulista o “caboclo” começa a ser dimensionado como herdeiro dos “bandeirantes” e o motivo congênito do vigor econômico e político do paulista. Foi essa representação heróica que Lobato combateu em seus dois artigos que marcaram sua estréia no cenário intelectual nacional.
Apesar de “Uma Velha Praga” dar notoriedade a Lobato, sendo publicado em mais de 60 jornais e revistas da época, este não foi seu primeiro texto em periódicos, pois o escritor teve significativa produção de crônicas e artigos anteriores à 1914. Essa produção foi publicada em semanários de menor circulação como jornais universitários e de pequenas cidades utilizando pseudônimos ou mantendo o anonimato. Desses jornais destacamos: “Minarete” e “A Lua”. Lobato também foi colaborador de periódicos maiores, sendo articulista da “Tribuna de Santos”, “Gazeta de Notícias” do Rio de Janeiro e em 1909 participou na “Fon-Fon” com desenhos e caricaturas e no “Estado de S. Paulo” com traduções do “Weekly Times” (jornal inglês).
Mesmo conhecendo vários proprietários de jornais e contribuindo freqüentemente com seus textos em jornais de menor tiragem, Lobato envia seu artigo “Uma Velha Praga” para “O Estado de S. Paulo”. Periódico de ampla circulação, considerado pela elite oligárquica da época como “liberal” e o principal núcleo nacionalista de São Paulo. Ainda que enviado para a seção de “Reclamações” o artigo foi publicado no interior do jornal, recebendo com isso maior visibilidade.
É importante salientar que a escolha do “Estado de S. Paulo” é proposital, pois Lobato almejava entrar no espaço da elite intelectual em grande estilo e com repercussão nacional, como ele mesmo escreveu em cartas: “Ou dou um dia coisa que preste, que esborrache o indígena, ou não dou coisa nenhuma”. Assim como: “Ou entro e racho, ou não entro nunca. A coisa há de cair na taba como um bólide”.
O impacto ocasionado por “Uma Velha Praga” e “Urupês” no meio intelectual e político notabilizou seu autor, dando-lhe credibilidade para apresentar-se como referência no debate de temas nacionais. Nestes artigos, principalmente “Urupês”, consolida-se a representação do Jeca Tatu, um anti-herói da literatura cabocla, que até então pintava o homem rural com ares ingênuos e nobres. Para ocasionar tamanho alvoroço Lobato utilizou da sátira como recurso lingüístico e literário. O riso e a ironia são instrumentos de depreciação do campesino.

A derrisão é um recurso utilizado recorrentemente por Lobato. Ao escrever suas críticas às exposições artísticas e produções literárias, Lobato apresenta uma linguagem feroz e repleta de recursos satíricos e irônicos para atacar os movimentos estéticos denominados de românticos, assim como o modernismo incipiente, uma demonstração disso é a polêmica criada com a vernissage de Anita Malfatti.
Foi como articulista polêmico e escritor de esmero que Monteiro Lobato ficou conhecido nos jornais de sua época. É como ícone da literatura infantil brasileira que é relembrado hoje. Múltiplas faces de um escritor profícuo e instigante, mesmo decorrido 60 anos de sua morte.

Wender Urias da Cruz, formado em história e psicologia, integrante da Circus e do Teatro Fabrincantes.

Esse Céu

LÍVIA PELLEGRINI

Um rastro dourado reflete um sonho âmbar
E deita-se sobre a cidade inteira,
Exalando o doce delírio repentino e eterno
De passos juvenis em noites brancas...

Atônito, o corpo retumbante
Suaviza as circunstâncias urbanas e
Comunga com os passantes
o gosto azul da tarde insone.

Augúrios e profanações
Seu silêncio ultrapassou aquele admirado
Sobrou-lhe o grito rasgado e o olhar contemplativo
A perdição e seus suplícios...

À margem.

O incauto e a sola gasta
Um céu de chumbo sobre nossas cabeças
E o descompasso
surpreendendo as tomadas de decisão

Cisão.

Abre-se a alameda em brancos lírios
Chão rasgado de lamúrias.

Na contramão,
musas emergem do centro do mundo
e dançam sob a réplica da vitória.

Atavismo & Luxúria.

Os sacis

IGOR MIRAZ DE SOUZA DIAS


Igor Miraz de Souza Dias tem 6 anos, morador da Vila Rodrigues e aluno do Pré II do Colégio Ipê, em Assis.

O Presidente Negro, de Monteiro Lobato

O Choque das raças foi publicado em 1926, em vinte partes, no jornal A Manhã, onde Lobato era colaborador, e no final desse mesmo ano lançado em livro. Duas décadas mais tarde seria reeditado com o título de O Presidente Negro ou O choque das raças (romance americano do ano 2228). Em 1948, quando a Brasiliense editou as obras completas, juntou os dois num só volume. Lobato escreveu O Choque pensando em lançá-lo nos Estados Unidos, porém lá acharam que era conflitivo. É seu primeiro e único romance. O que mais chama a atenção no livro é a capacidade de Lobato desvendar o futuro. Ele mesmo diria mais tarde que os Estados Unidos que ele descreveu no livro são os Estados Unidos que ele depois ficou conhecendo. Em A Onda Verde, descreve o papel do “grilo” na ocupação territorial de São Paulo e sua indignação com o Homo sapiens por seus crimes sociais e ecológicos, lançando um apelo a todos os animais: "Animais todos da terra, uni-vos...”

A peleja, de Ana Maria Machado


Ana Maria Machado dedica este livro à arte popular. As ilustrações são feitas a partir de esculturas feitas de barro; história fantasiosa sobre os feitos do Zé Ribamar, que enfrentou o Monstro para ficar com a donzela bonita. Principal escritora de livros infantis em atividade, Ana Maria Machado ganhou, em 2000, o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o prêmio Nobel da literatura infantil mundial. E em 2001, a Academia Brasileira de Letras lhe deu o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, pelo conjunto da obra.

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Ana Maria Machado
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