quinta-feira, 15 de maio de 2008

Pra você

SUELY DA SILVA LIMA

Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém.
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

Shakespeare

Escrevo para você, que não me enxerga. Escrevo com o coração carregado de sentimentos confusos. Latentes. Doloridos. Marcantes. Escrevo, também, para aqueles que, como eu, sofrem e vivem por amor, a poesia paradoxal mais que perfeita já criada.
Escrevo para você, que tem em seu peito um sentimento deliciosamente cáustico. Você sabe que estou falando do pior e ao mesmo tempo mais gostoso amor: o amor não correspondido, ou melhor, o amor não revelado. Aquele que te queima de frio no calor escaldante. Aquele que te faz suar a zero grau. Aquele que te faz perder o sono, que tira sua concentração. Aquele que te faz esquecer de respirar, de comer, de viver. Aquele amor que torna os seus dias monocromáticos. Aquele desgraçado amor sem o qual você não pode viver. Aquele que dói no âmago, que te faz perder o pino, o centro, o rumo. Aquele que te faz rir de tristeza e chorar de alegria. Amor shakespeariano. Trágico. Impossível.
Amor torturante que mata e alimenta a alma. Neste amor tudo é uma expectativa: a espera, a chegada, a despedida, a troca de olhares, o aperto de mão. O simples ensaio de um sorriso soa como gargalhada aos ouvidos de quem ama. Amor, amor! Como viver sem? Como conviver com? Ser ou não ser correspondido? Essa é a questão! Amor louco, trágico, quase ilegal. É como se fossemos ladrões de sentimento, sempre à espreita, furtando momentos, olhares, gestos. Registrando clandestinamente, no coração, cada meneio de cabeça ou desvio de olhar. Cada aceno, cada desencontro.
Ah ! O amor, como diria o poeta ou profeta, não sei, é fogo que arde sem se ver. E como dói essa ferida! Aberta, exposta, sujeita às dores e às curas do mundo.
Amar, sofrer, nascer, morrer: onde começa um e termina outro?

Suely da Silva Lima é aluna de Jornalismo da Fema

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