quinta-feira, 15 de maio de 2008

Amizade


MÁRCIO ALEXANDRE DA SILVA


Penso que o livro de Antoine de Saint-Exupéry “O PEQUENO PRÍNCIPE”, seja um tratado literal sobre a amizade. Essa obra universal narra à história de um aviador que cai no deserto do Sahara e conhece um Pequeno Príncipe de um minúsculo Planeta.
À parte do diálogo com a raposa a meu ver é a síntese de um tratado sobre amizade. A raposa aparece num lindo jardim florido. O menino a convida para brincar. A raposa exclama, não posso brincar com você, pois ainda não me cativou! E prossegue, ser cativado é ser único um para o outro. Para me cativar, você deve sempre chegar no horário combinado, pois, se forem chegar às quatro as três eu sinto animado e começo a preparar o meu coração para te receber, diz a raposa. É assim que esperamos nossos amigos e amigas, com o coração aberto para recebê-lo.
Num determinado momento da trama eles se despedem: O príncipe disse: Você quis que eu a cativasse, agora estou indo embora e você esta chateadas! Não achas que foi perda de tempo pergunta o principezinho? Não diz raposa, você me fez sentir muito importante. Alguns amigos e amigas nos cativam depois parte. É, mas depois de tudo isso agora me sinto responsável por você diz o menino. Isso é natural que aconteça enfatiza a raposa, “Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas”. Para mim essa é a regra de ouro das amizades, a responsabilidade pelos nossos amigos e amigas é ponto de encontro de uma profunda e bela amizade. Eles encerram a cena com a raposa trazendo-lhe um presente, um segredo, entregando-o um papel escrito “Só se vê com clareza com o coração. O essencial é invisível para os olhos”, que a meu ver é o fio de ouro que deve perpassar todas as amizades, precisamos conhecer com o coração, ou seja, o interior das pessoas, pois o exterior é muito manipulável, fácil de camuflar, retocar, mas o interior é identidade de cada ser humano, e é algo muito pessoal.
Na verdade essa obra é um grito para dizer que o ser humano não tem tempo para conhecer o outro, sempre empenhado nos seus afazeres, nós encontramos tudo pronto, compramos desde feijão cozido a trabalho pela internet, mas como diz Saint-Exupéry. “Como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”, e conseqüentemente boas amizades, pois para ser e ter um grande amigo é preciso cativar e, CATIVAR É AMAR. Sabe por que é difícil exercitar a arte do amor? Porque nos tornamos totalmente responsáveis por aqueles e aquelas que cativamos.
Sugeri a meus amigos e amigas que lessem à obra “O Pequeno Príncipe” ou ao menos assistissem ao filme. Embora não precisem, pois já me senti cativado por eles e elas, e sinto-me responsável pelos mesmos e percebo que a reciprocidade é a mesma. Não poderia terminar esse artigo sem citar os nomes dos meus amigos Rafael, Diego, Edi ... e amigas Amanda, Rosangela, Liziane, Ana Paula e minha namorada e amiga Roseli ....
Precisamos resgatar e valorizar as sinceras e profundas amizades. Por que “Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativas”.


Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia.

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